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sábado, 1 de agosto de 2009

Ó, viajante!

De onde vens?

E para onde vais?

A lua desce

No caos da madrugada;

Mas vou andando,

Antes de o sol nascer,

À procura de luz.

No desejo de varrer

As trevas de minh'alma,

A grande árvore eu

procuro

Que nunca se abalou,

Na fúria da tempestade.

Neste encontro ideal,

Sou eu quem surge

da terra!"

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Inconfesso Desejo

Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor
Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo
Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação
Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo

*Drummond

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A cada dia

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

Drummond

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

*Drummond

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Nuvens sem guia

Amor São nuvens sem guia
Navegando sem cruzeiro
Eu bem que disse meu bem
Ele não tem garantia
Hoje quer depois não quer
iz que nao depois vicia
Faz chorar e dá prazer
Diz eterno e dura um dia
Se laçar seu coração
Faz sangrar a montaria
Sete noites sete estrelas
Ele puxa pelos cabelos
Desarruma o desmantelo
Deixando a cama vazia

*Geraldo Azevedo

terça-feira, 21 de abril de 2009

Segredo

Segredo

A poesia é incomunicável.

Fique torto no seu canto.

Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio

ao alcance do nosso corpo.

É a revolução? o amor?

Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.

O mar transborda de peixes.

Há homens que andam no mar

como se andassem na rua.

Não conte.

Suponha que um anjo de fogo

varresse a face da terra

e os homens sacrificados

pedissem perdão.

Não peça.


*Drummond